Uma pesquisa realizada pela Fundação Altino Ventura mostrou que bebês que nascem com microcefalia (má-formação do cérebro) podem ter a visão prejudicada. Os casos de microcefalia têm aumentado graças à propagação do zika vírus, transmitido pelo mosquito aedes aegypti. Mulheres que contraem a doença durante a gestação podem transmitir o vírus aos bebês antes do nascimento e prejudicar a formação do cérebro da criança.
O estudo constatou que 40% dos bebês com diagnóstico de microcefalia causada pela exposição ao zika vírus possuem problemas anatômicos nos olhos. Segundo os pesquisadores da Fundação Altino Ventura, a maior parte dos bebês tiveram o nervo ótico e algumas camadas da retina afetados. Além do comprometimento do nervo ótico e da retina, foram constatados ainda, casos de catarata congênita, estrabismo neurológico e glaucoma.
Ainda não se sabe o grau de comprometimento da visão desses bebês. Porém, dada a natureza dos tipos de lesão, acredita-se que alguns deles terão perda significativa de visão. A pesquisa revelou que as lesões são mais graves em bebês cujas mães contraíram o zika vírus no primeiro trimestre da gestação. Existem, entretanto, casos nos quais é possível minimizar o problema.
O estudo realizado pela Fundação Altino Ventura é o primeiro a ser publicado na literatura científica mundial. Até agora, não havia nenhuma comprovação do comprometimento visual causado pelo zika vírus. Porém, há algum tempo sabe-se de outras doenças que, caso contraídas pela mãe durante a gestação, podem prejudicar a visão do bebê. Toxoplasmose, rubéola e sífilis são doenças que, quando contraídas pela mãe, podem afetar os bebês antes do nascimento.
A toxoplasmose pode ocasionar má-formação cerebral e cicatriz na retina, podendo causar perda visual significativa. A sífilis também pode gerar problemas na formação da retina do bebê. Se a mãe contrair rubéola durante a gravidez, a criança vai contrair rubéola congênita e poderá desenvolver catarata e até cegueira.
Para evitar e minimizar esses problemas, é imperativo que o pré-natal seja feito da maneira correta, desde o início da gravidez. Além disso, é importante que após nascimento, o teste do olhinho seja realizado nos primeiros dias de vida do bebê. Dessa forma, caso exista algum problema ocular, o tratamento poderá ser iniciado precocemente, aumentando a possibilidade de melhora ou cura.