Apesar de o Brasil ter registrado aumento do número de transplantes de órgãos, muitos ainda guardam na fila por um órgão. O assunto pode ser doloroso e até polêmico, mas é preciso falar sobre isso.
Como é o processo da doação de órgãos?
Após ser diagnosticada a morte encefálica no hospital e a família autorizar a doação, a CET/PR é notificada pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) sobre a existência de possível doador. Com isso, a Central emite por sistema informatizado a listagem de potenciais receptores e mobiliza uma equipe médica especializada para a retirada dos órgãos e tecidos.
Se a retirada ocorrer em cidade diversa de onde está a equipe médica, a CET/PR entra em contato com a Casa Militar do Governo do Paraná, que prontamente organiza o transporte aéreo. Chegando ao local da captação, a equipe realiza o procedimento, informa a CET/PR e direciona o transporte dos órgãos e tecidos para o local onde o transplante será realizado.
Todo o processo deve ser feito em um curto espaço de tempo, pois entre a retirada do órgão do doador e o transplante no paciente, em alguns casos, não pode ultrapassar o prazo de quatro horas, como por exemplo, o transplante de coração.
Como posso ser doador?
No Brasil, para ser doador, você não precisa deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar a sua família da sua vontade. Afinal, a doação de órgãos só acontece após autorização familiar.
Quem pode doar?
Qualquer pessoa. Para um transplante de órgão importa apenas a compatibilidade entre você e as várias pessoas que esperam uma nova vida de presente. Rins e parte do fígado e da medula óssea podem ser doados em vida. Mas, em geral, a doação ocorre em situações de morte encefálica, após a autorização familiar.
O que é morte encefálica?
É a interrupção irreversível das atividades cerebrais, causada normalmente por traumatismo craniano, tumor ou derrame. Como o cérebro comanda todas as atividades do corpo, quando ele morre significa a morte do indivíduo.
Não há dúvidas no diagnóstico. A avaliação da morte encefálica é feita por dois médicos de diferentes áreas que examinam o paciente, sempre com a comprovação de exames clínicos e de um exame complementar.
Para quem vão os órgãos?
Os órgãos são destinados a pacientes que necessitam de transplante e estão aguardando em uma lista única de espera, por critérios definidos pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde.
No Paraná, todas as ações de distribuição de órgãos e tecidos são coordenadas pela Central Estadual de Transplantes.
Após a doação o corpo fica deformado?
Nunca. A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra. O corpo do doador fica intacto e pode ser velado normalmente.
Se os médicos do setor de emergência souberem que você é um doador, não vão se esforçar para salvá-lo.
Se você está doente ou ferido e foi admitido no hospital, a prioridade número um é salvar a sua vida. A doação de órgãos somente será considerada após sua morte e após o consentimento de sua família.
Quando você está esperando um transplante, sua condição financeira ou seu status é tão importante quanto sua condição médica.
Quando você está na lista de espera por uma doação de órgão, o que realmente conta é a gravidade de sua doença, tempo de espera, tipo de sangue e outras informações médicas importantes.
Necessidade de qualquer documento ou registro expressando minha vontade de ser doador.
Não há necessidade de qualquer documento ou registro, apenas informe sua família sobre sua vontade de ser doador.
Somente corações, fígados e rins podem ser transplantados.
Órgãos necessários incluem coração, rins, pâncreas, pulmões, fígado e intestinos. Tecidos que podem ser doados incluem: córneas, pele, ossos, valvas cardíacas e tendões.
Seu histórico médico acusa que seus órgãos ou tecidos estão impossibilitados para a doação.
Na ocasião da morte, os profissionais médicos especializados farão uma revisão de seu histórico médico para determinar se você pode ou não ser um doador. Com os recentes avanços na área de transplantes, muito mais pessoas podem ser doadoras.
Você está muito velho para ser um doador.
Pessoas de todas as idades e históricos médicos podem ser consideradas potenciais doadoras. Sua condição médica no momento da morte determinará quais órgãos e tecidos poderão ser doados.
A doação dos órgãos desfigura o corpo e altera sua aparência na urna funerária.
Os órgãos doados são removidos cirurgicamente, numa operação de rotina, similar a uma cirurgia de vesícula biliar ou remoção de apêndice. Você poderá até ter sua urna funeral aberta.