Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, cerca de 9 milhões de brasileiros, são diabéticos. O número corresponde a 6,2% da população adulta do país. Desse total, são 5,4 milhões de mulheres e 3,6 milhões de homens.
Um dos principais problemas da doença é que, além de ser crônica, costuma ser silenciosa, não levantando suspeitas e causando graves problemas à saúde das pessoas. A doença consiste na ineficiência do corpo em produzir insulina ou em sua dificuldade em empregar de forma adequada a insulina que produz. A insulina, por sua vez, é um hormônio responsável pelo controle de glicose que circula no sangue, sendo essencial para que o organismo continue funcionando adequadamente, utilizando e sintetizando a glicose que obtemos por meio dos alimentos e a transformando em energia.
Uma pessoa diagnosticada com diabetes não fabrica insulina ou não consegue utilizar de forma ideal a glicose. Por isso, os níveis de glicose permanecem exageradamente altos e a pessoa vive um quadro de constante hiperglicemia. Caso esse quadro seja recorrente, órgãos, vasos sanguíneos e nervos podem ser afetados.
Alguns tipos de diabetes costumam ser mais comuns que outros. O tipo 1, conhecido como insulinodependente faz com que o paciente, como o próprio nome sugere, necessite de aplicações diárias de insulina, pois a produção do hormônio é insuficiente. O tipo 1 geralmente aparece na infância ou no período da adolescência, mas pode ser diagnosticada também em adultos.
No tipo 2, o organismo do paciente produz insulina, porém, o corpo cria resistência à ação do hormônio, fazendo com que os níveis de açúcar se elevem. Silenciosa, a diabetes tipo 2 é maioria entre os diabéticos e se manifesta mais comumente em pacientes adultos, mas crianças também podem ser diagnosticadas. O tipo 2 apresenta maior variação com relação à gravidade da doença, e, em alguns casos, pode até ser controlada por meio de exercícios físicos e com a ajuda de um bom planejamento alimentar. No entanto, nos casos mais delicados, é preciso ministrar insulina e outros medicamentos para controlar a glicose no sangue.
Retinopatia Diabética
Portadores de diabetes podem desenvolver quadro de complicações no fundo do olho. A retina é afetada pelo diabetes porque a concentração sérica de açúcar (glicose) torna as paredes dos pequenos vasos sanguíneos da retina mais espessos, porém, mais fracas e mais propensas a deformidades e extravasamentos. Existem dois tipos de retinopatia diabética, a não proliferativa e a proliferativa.
A doença acontece quando os vasos do fundo do olho são danificados e causam hemorragia e vazamento de líquido na retina, processo que pode levar ao chamado edema de mácula diabético, que é a principal causa da baixa de visão nesses pacientes.
O Dr. João Guilherme Moraes, cirurgião-chefe do setor de retina da Oftalmoclínica Curitiba, fala que muitos pacientes manifestam a forma leve ou moderada da doença e podem até não apresentar nenhum sintoma visual: “Por isso, é imperativo que pacientes diabéticos façam avaliação do fundo de olho com retinólogo [oftalmologista especialista em retina]. E é importante lembrar que a retinopatia diabética apresenta risco de perda visual”.
João Guilherme diz ainda, que a doença também é diagnosticada quando os vasos da retina ou do nervo óptico não conseguem trazer os nutrientes para o fundo do olho, formando vasos anormais que causam o sangramento. Esses vasos podem desencadear hemorragias vítreas e descolamento de retina.
A extensão das retinopatias (proliferativas ou não proliferativas) e da perda da visão está relacionada à qualidade do controle da concentração sérica de açúcar e ao tempo que o indivíduo apresenta o diabetes. Geralmente, a retinopatia ocorre dez anos após o início da doença. O tratamento da retinopatia diabética se dá inicialmente por meio da fotocoagulação a laser, procedimento no qual um raio laser é aplicado sobre o olho para destruir os novos vasos sanguíneos e para vedar os que apresentam extravasamento. Atualmente, o tratamento principal é baseado no uso de injeção de anti-VEGF na cavidade vítrea.
Pacientes portadores de diabetes devem fazer acompanhamento com o especialista em retina, para que casos de retinopatia diabética sejam diagnosticados ainda no começo, melhorando assim, a possibilidade de controle e tratamento do quadro.