Saúde ocular dos brasileiros ainda é negligenciada

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, 1,3% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Dentre os tipos de deficiência avaliados, a deficiência visual (cegueira ou baixa acuidade visual em ambos os olhos e cegueira em um olho) teve o maior percentual, com 3,6% dos casos.

Na região sul esse número é ainda mais representativo. Dentre os portadores de deficiências, 5,9% têm problemas visuais. A maior incidência é na população com mais de 60 anos (11,5%). É importante notar que na maioria dos casos, o problema visual é causado por acidente ou doenças. Apenas 0,4% dos portadores de deficiência visual nasceram com o problema.

A pesquisa registra ainda, que 16% dos portadores de deficiência visual apresenta grau intenso de limitação nas atividades rotineiras. Embora o número seja alto, é a menor proporção de limitação entre os tipos de deficiência avaliados (intelectual, motora, auditiva e visual).

Catarata

De acordo com a pesquisa, 28,7% das pessoas com idade superior a 60 anos foram diagnosticadas com catarata em um ou ambos os olhos. Dessas, 72,2% realizaram cirurgia para correção. Dentre os motivos apresentados para a não realização da cirurgia, a maior incidência é de pacientes que mesmo com indicação médica, não acharam necessária a cirurgia, com 18,4%.

A catarata consiste na opacidade parcial ou total do cristalino (lente natural do olho) ou de sua cápsula. Como não existe tratamento clínico para a doença, o único meio de correção é a cirurgia que pode ser a Facectomia com implante de LIO ou Facectomia com Implante de LIO a Laser.

Teste do olhinho

A pesquisa avaliou a saúde das crianças com menos de dois anos. Do total de brasileiros nessa faixa etária, apenas 51,5% realizou o teste do olhinho. É importante notar que o teste do pezinho foi realizado em 70,8% das crianças.

O teste do olhinho é fundamental para todos os recém-nascidos. Simples, rápido e indolor, o exame consiste na identificação de um reflexo vermelho, que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. O procedimento deve ser realizado na maternidade e pode diagnosticar catarata congênita, glaucoma e retinopatia da prematuridade, além de uma série de outras alterações, inclusive tumores oculares. Existem casos, como o glaucoma, nos quais é necessária a intervenção cirúrgica ainda nos primeiros dias de vida do bebê, evitando um quadro de perda de visão.

A pesquisa revela que, seja por falta de acesso à serviços especializados ou por falta de interesse do próprio paciente, muitos brasileiros não recebem o tratamento adequado para prevenção e tratamento de problemas de visão.

Ainda há muito a se fazer pela saúde ocular dos brasileiros. Muitos problemas podem ser evitados por meio de visitas regulares (recomenda-se no mínimo uma visita ao ano) ao oftalmologista.